O banco Santander Brasil apresentou nesta semana os resultados do primeiro semestre do ano. O lucro líquido recorrente (que exclui feitos extraordinários no resultado) foi de R$ 4,449 bilhões, o que significa queda de 45% em relação ao mesmo período de 2022. Por outro lado, o banco apresentou crescimento de 7,9% no segundo trimestre de 2023, período em que obteve lucro líquido recorrente de R$ 2,3 bilhões.

O conglomerado espanhol também apresentou no semestre lucro líquido gerencial (que considera as operações normais do banco) de R$ 4,399 bilhões, o que representa queda de 45,6% em doze meses, entretanto alta de 5,5% no trimestre.

“Efeitos extraordinários no resultado são fatores que impactaram no lucro, mas que não são da operação tradicional do banco. Então, é algo que ocorreu no semestre específico, mas não é da operação normal, como, por exemplo, o resultado da venda da participação acionária do Santander na Webmotors, que concedeu ao banco um impacto positivo bruto de R$ 1,105 bilhão, no primeiro semestre deste ano”, explicou a economista do Dieese, subseção da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Vivian Machado.

O balanço mostra que as unidades brasileiras são responsáveis por 15,7% do lucro global do Santander, que foi de € 5,241 bilhões – alta de 7,1% em doze meses.

Dentre os fatores que causaram os impactos negativos registrados no semestre, estão a provisão adicional para créditos de liquidação duvidosa (PDD) que, por outro lado, apresentou melhoras no segundo trimestre, e as despesas com a provisão de riscos fiscais envolvendo a decisão judicial da Lei 9.718/1998, no primeiro trimestre de 2023, que impactou negativamente o banco no trimestre seguinte em R$ 2,672 bilhões.

Carteira de crédito

O saldo total de carteiras de crédito do Santander Brasil apresentou alta de 10,6%, em doze meses, somando R$ 617,2 bilhões em junho de 2023.

Todos os segmentos apresentaram crescimento na comparação anual. A carteira pessoa física, que representa 37% do saldo total das operações de crédito do banco, cresceu 6,5% no período. Outras carteiras que tiveram bom desempenho foram as de consignado (+13,1%), leasing/veículos (+12,9%) e imobiliário (+6,4). No segmento pessoa jurídica, o saldo das grandes empresas cresceu 9,7%, o de pequenas e médias empresas 6,6% e o financiamento ao consumo 0,9%, nos doze meses.

Inadimplência

A taxa de inadimplência superior a 90 dias ficou em 3,3%, em junho de 2023, com alta de 0,4 ponto percentual (p.p) em comparação ao mesmo período de 2022. Sendo que, entre as pessoas físicas, a taxa de atrasos acima de 90 dias foi de 4,8%, contra 4,1% há um ano e 4,5% no trimestre anterior.

Menos agências

No período de doze meses, a holding Santander fechou, no Brasil, 145 unidades, sendo 102 agências e 43 Postos de Atendimento Bancário (PABs). No trimestre, foram fechadas 51 agências e 24 PABs. “Nesse processo de reestruturação com o enxugamento de unidades, o Santander concentra o fechamento de postos em regiões periféricas e prioriza o atendimento nas áreas centrais, que já contam com boa estrutura de atendimento bancário”, alertou a bancária do Santander e secretária de Relações Internacionais da Contraf-CUT, Rita Berlofa.

No primeiro semestre de 2023, houve também a abertura de 3.122 postos de trabalho em doze meses (1.615 no trimestre), sendo que a base de clientes apresentou aumento de 7,2 milhões em relação a junho de 2022, totalizando 63,3 milhões.

Recentemente, o banco espanhol foi condenado na 11ª Vara do Trabalho de São Paulo por uma manobra relacionada à terceirização. Apesar de continuar atuando com as mesmas atividades e no mesmo espaço físico, o trabalhador, que havia sido contratado pelo Santander em setembro de 2018, em janeiro de 2022 foi transferido para a SX Tools. “A justiça reconheceu essa manobra como fraude, porque visa unicamente enfraquecer a representação sindical bancária, retirar direitos e rebaixar salários de trabalhadores bancários. Tudo em nome do lucro”, completou a coordenadora da COE.

Historicamente o maior percentual do lucro global do Santander é gerado pelos(as) trabalhadores(as) brasileiros, mas, na maioria das vezes, o Banco não reconhece o esforço de trabalho dos(as) quase 50 mil bancários(as).  Outro fator negativo é a criação de empresas dentro do seu conglomerado, passando inclusive trabalhadores bancários para estas empresas controladas pelo banco, tirando-os da representação do movimento sindical bancário e passando para várias outras representações com menos direitos e benefícios. Fatores que mostram estratégias equivocadas do Santander, tanto que o judiciário já começou a reparar e corrigir tais distorções trabalhistas.

Recentemente, o banco espanhol foi condenado na 11ª Vara do Trabalho de São Paulo por uma manobra relacionada à terceirização. Apesar de continuar atuando com as mesmas atividades e no mesmo espaço físico, o trabalhador, que havia sido contratado pelo Santander em setembro de 2018, em janeiro de 2022 foi transferido para a SX Tools. “A justiça reconheceu essa manobra como fraude, porque visa unicamente enfraquecer a representação sindical bancária, retirar direitos e rebaixar salários de trabalhadores bancários. Tudo em nome do lucro”, completou a coordenadora da COE.